16 de Julho: Dia de Minas celebra 40 anos em 2019

por Diretoria de Comunicação — publicado 16/07/2019 08h50, última modificação 17/07/2019 16h17
Artigo de Francisco José dos Santos Braga, membro da Academia Divinopolitana de Letras (ADL), relembra fatos históricos e o caminho para a instituição do Dia de Minas celebrado no dia de hoje (16)
16 de Julho: Dia de Minas celebra 40 anos em 2019

Mariana: primaz de Minas

Imponente, com seus casarões históricos e igrejas barrocas, todo ano, no dia 16 de julho, Mariana, a cidade mais antiga do Estado, volta a ter o posto de capital de Minas Gerais. A data também comemora o aniversário da cidade, fundada em 1696 por bandeirantes paulistas em busca de ouro. No ano de 2019, a Primaz de Minas Gerais, celebra 40 anos da instituição oficial desta data celebrativa. Neste artigo de Francisco José dos Santos Braga, membro da Academia Divinopolitana de Letras (ADL), você irá conhecer mais detalhes históricos sobre essa data tão importante para os mineiros.

Mariana

Mariana é "berço da civilização mineira", aqui compreendidas a tradição cultural e a religiosidade cristã de Minas Gerais. Essa cidade, cujo principal epíteto é "primaz de Minas", foi descoberta em data de 16 de julho de 1696, dia em que a bandeira chefiada pelo Coronel Salvador Fernandes Furtado de Mendonça chegou a um ribeirão denominado do Carmo, por ser aquele dia dedicado a Nossa Senhora do Carmo; muito naturalmente, a localidade onde hoje se localiza o município de Mariana tomou a santa como sua padroeira.

O primitivo Arraial do Ribeirão do Carmo nasceu, sendo depois sucedido por outros como Camargos, Furquim, Cachoeira do Brumado, Bento Pires e outros. Em 1711 o Arraial do Ribeirão do Carmo foi elevado à vila, a primeira de Minas, com o nome de Vila do Ribeirão de Nossa Senhora do Carmo (1711) e nela se estabeleceu a capital (1712) da então Capitania de São Paulo e Minas de Ouro, criada em 1709. A seguir, foi a primeira cidade da Capitania de Minas Gerais, desmembrada da de São Paulo a partir de 2 de dezembro de 1720 por Dom João V de Portugal.

Também em 1745 a Vila Real do Ribeirão de Nossa Senhora do Carmo foi elevada à categoria de cidade, com o nome de Mariana, em homenagem à esposa de D. João V, rainha Maria Ana D'Austria. Ainda em 1745 o Papa Bento XIV fez de Mariana a sede do primeiro Bispado de Minas Gerais, desmembrado da diocese do Rio de Janeiro. Relembrando, Mariana foi a primeira vila (1711), a primeira capital (1712), a primeira cidade (1745) e a primeira diocese (1745) de Minas, sendo com justa razão chamada de "primaz de Minas". Cabe ainda acrescentar que em 1906 Mariana foi julgada digna de ser Arcebispado e em 6 de julho de 1945, em homenagem aos 200 anos de sua elevação a cidade, o Presidente Getúlio Vargas erigiu em Monumento Nacional todo o acervo arquitetônico, urbanístico e paisagístico de Mariana (DL 7713, de 06/07/1945).

Instituição do Dia de Minas

Em 16 de julho de 1977, o saudoso professor Roque José de Oliveira Camêllo, então membro da Casa de Cultura de Mariana - Academia Marianense de Letras, Ciências e Artes, durante a sessão comemorativa do 281º aniversário de Mariana, lançou a ideia de se instituir o 16 de Julho como data cívica estadual, recebendo o apoio do então presidente da Casa, historiador Waldemar de Moura Santos, dos Acadêmicos, das Autoridades Municipais e da comunidade marianense.

Sendo esse projeto encaminhado ao Governo do Estado e à Assembleia Legislativa, o governador Francelino Pereira dos Santos sancionou a Lei nº 7561, em 19 de outubro de 1979, consagrando o 16 de Julho como Dia do Estado de Minas Gerais, no art. 256 da Constituição mineira. Originalmente tal artigo dizia que o Dia de Minas Gerais era data cívica do Estado e seria celebrado anualmente na cidade de Mariana, com transferência simbólica da capital para o referido município, mas silenciava quanto à obrigatoriedade de a mesma data ser considerada feriado estadual, diferentemente de outros Estados da Federação, que decretam feriados estaduais as suas datas magnas, por exemplo São Paulo (9 de Julho) e Bahia (2 de Julho).

A cidade de Mariana é guardiã de importante acervo do patrimônio cultural e histórico de Minas Gerais. Pode-se citar os seguintes pontos turísticos mais apreciados: casários coloniais, com destaque para a casa do Barão de Pontal; conjunto arquitetônico e urbanístico da vila (1711), hoje cidade de Mariana (enquanto vila, Mariana já apresentava traçado moderno com ruas retas e praças retangulares projetado pelo arquiteto português José Fernandes Pinto Alpoim, distanciando-se, nesse aspecto, das demais vilas do ciclo do ouro, ainda no período colonial); a antiga Casa de Câmara e Cadeia, hoje sede da Prefeitura e Câmara Municipal; Igreja de São Francisco de Assis e de Nossa Senhora do Carmo; Catedral Basílica de Nossa Senhora da Assunção, a Sé marianense, antiga matriz; o órgão Arp Schnitger, aí existente; antigo Palácio dos Bispos de Mariana, atual Museu da Música de Mariana, certificado e inscrito no programa “Registro Memória del Mundo” da UNESCO, deferido em 2011; Seminário Menor de Nossa Senhora da Boa Morte (atual ICHS da UFOP) com sua bela capela; Seminário Maior São José; casa do Barão de Pontal; o histórico solar ocupado pela Casa de Cultura de Mariana-Academia Marianense de Letras, Ciências e Artes, etc.

Por Francisco José dos Santos Braga – Membro da Academia Divinopolitana de Letras

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