Divinopolitana ganha Prêmio de Literatura: Adélia Prado é contemplada na categoria Conjunto da Obra

por Diretoria de Comunicação — publicado 02/02/2017 14h55, última modificação 01/12/2017 11h08
Divinopolitana ganha Prêmio de Literatura: Adélia Prado é contemplada na categoria Conjunto da Obra

Adélia Prado é a vencedora do prêmio na categoria Conjunto de Obra

A Secretaria de Estado de Cultura publicou o resultado do Prêmio do Governo de Minas Gerais de Literatura 2016. Na categoria Ficção (Romance) a obra vencedora foi “Floresta no fim da rua, de Silvio Rogério Silva. As menções honrosas foram para a obra “Começo em mar”, da escritora Vanessa Maranha, e para “Pela primeira vez em muito tempo”, de Vinícius Bopprê Oliveira. Já na categoria Poesia a obra vencedora foi “Um carro capota na lua”, do autor Tadeu de Melo Sarmento. O Jovem Escritor dessa edição é Jonathan Tavares Diniz, que venceu com o projeto “Cólera”.

A mineira Adélia Prado é a vencedora do prêmio na categoria Conjunto de Obra. É a primeira vez que uma mulher ganha a premiação nesta categoria. Adélia foi escolhida, por unanimidade, pelo júri composto pelos professores Guiomar de Grammont (UFOP), Ruth Silviano Brandão (UFMG) e Luis Augusto Fischer (UFRS). A cerimônia de entrega do prêmio irá ocorrer na capital mineira em data a ser marcada.

Ao todo o Prêmio do Governo de Minas Gerais de Literatura distribui a quantia de R$ 258 mil, sendo R$ 30 mil para a categoria Ficção, R$ 30 mil para Poesia, R$ 48 mil na categoria Jovem Escritor e R$ 150 mil na categoria Conjunto da Obra.

ESCRITAS INOVADORAS

Segundo Ruth Silviano Brandão, a obra de Adélia Prado inaugurou na literatura brasileira uma poesia que se abriu para o feminino, o erotismo e o místico. E com uma dose de humor que aponta para o cotidiano e para a simplicidade, sem nunca cair na facilidade dos estereótipos e que permanece com seu vigor na cena literária. “A obra de Adélia revela um trabalho de escrita inovador, às vezes paradoxal e surpreendente, até o momento atual, pois, como afirma em um de seus poemas, ‘A palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda,/foi inventada para ser calada’”, afirma a professora Ruth.

Guiomar de Grammont não poupa elogios quando o assunto é a poesia de Adélia. "Em sua obra se imbricam o sagrado e o profano, as referências clássicas e cotidianas, em um quadro simbólico de peculiar originalidade, trazendo para a literatura as imagens que caracterizam o imaginário barroco".

Já para o professor gaúcho, Adélia é uma das escassas figuras de indiscutível primeiro plano na literatura brasileira atual. “Ela é autora de obra relevante em todos os sentidos cabíveis: não é desconhecida de nenhum leitor culto, conta com muitos leitores apaixonados, é objeto de importantes estudos acadêmicos e empolga até na forma adaptada para teatro”, afirma Fischer. Ainda segundo o professor, Adélia representa, como todo grande escritor, um ponto singular no panorama geral de seu tempo e de sua língua, com uma dicção e um temário inconfundíveis. “Ela calha de ser uma escritora, uma mulher que escreve e que tematiza sua condição, o que, no contexto da história do prêmio Minas, se reveste de importância específica”, completa.

O secretário de Estado de Cultura, Angelo Oswaldo, destaca o fato de o prêmio, com dimensão nacional, ser atribuído pela primeira vez a uma mulher, sendo ela uma mineira. Para o secretário, no entanto, “é pleonasmo dizer que Adélia é mineira, pois a alma de Minas Gerais está guardada no seu coração de poeta”.

Para Lucas Guimaraens, superintendente de Bibliotecas Públicas e Suplemento Literário, jogar luz sobre novos talentos é outra importante faceta da premiação. “As categorias ficção e poesia enfatizam e dão visibilidade a escritores com uma trajetória literária reconhecida, afetando diretamente toda a cadeia produtiva e criativa do livro. Na categoria Jovem Escritor é talvez aquela de maior impacto direto junto aos criadores que, no caso, são escritores jovens que nunca tiveram livros publicados e que, possivelmente, terão a partir desse agraciamento uma maior visibilidade e possibilidade de desenvolver a sua obra a partir da bolsa recebida pelo contemplado”.

Mineira de Divinópolis, Adélia nasceu em 1935. Formou-se em Magistério e Filosofia. Em 1976, publicou “Bagagem”. Já em 1978 foi a vez de “O coração disparado”, agraciado com o Prêmio Jabuti. Sua estreia em prosa se deu no ano seguinte, com o livro “Solte os cachorros”. Em seguida publica “Cacos para um Vitral”. Em 1981 lança “Terra de Santa Cruz”, e em 1984 “Os componentes da banda”. Em 1991 é publicada sua “Poesia reunida”. Em 1994, após anos de silêncio poético, ressurge com o livro “O homem da mão seca”. Em 1999 são lançados “Manuscritos de Felipa”, “Oráculos de maio” e sua “Prosa reunida”. 

Fonte: www.cultura.mg.gov.br

registrado em: