Festa de São Cristóvão no seu Jubileu de Diamante

por dircom — publicado 01/09/2018 11h30, última modificação 01/09/2018 11h48
Espaço GTO homenageia pioneiros da festa que completou 60 anos e se transformou em patrimônio imaterial de Divinópolis
Festa de São Cristóvão no seu Jubileu de Diamante

Fernando Camillo 'Duroc', no espaço cultural da Câmara

Os 60 anos da primeira festa de São Cristóvão, focalizados pelo Espaço Cultural GTO, da Câmara Municipal de Divinópolis, na última quinzena de agosto, foram comemorados civicamente, nesta sexta-feira 31, no auditório Zózimo Ramos Couto, com a solenidade do Jubileu de Diamante para lembrar e homenagear os pioneiros e incentivadores da "festa de graças a São Cristóvão".

Na última semana, o agente cultural Fernando Gontijo Camillo reuniu objetos, páginas de jornais e fotografias de momentos marcantes dos primeiros tempos da Festa de São Cristóvão para ilustrar o acontecimento. No Espaço GTO, ficaram expostos um oratório e a estátua de Cristo (antes) fixada na cruz original da igreja de São Cristóvão (que não existe mais) e algumas fotografias (de particulares) que resistiram à ação do tempo.

Dois momentos importantes estão registrados nas fotografias: um encontro dos participantes da primeira carreata (à porta do Santuário de Santo Antônio); outra, anos depois, com o dobro de pessoas, no mesmo local, demonstrando a aceitação da Festa. Em outra imagem, está a primeira carreata liderada pelo caminhão Ford 600/ 1929, do Chico Moreira, ornamentado com um arco de luzes sobre a imagem do santo (1958).

No memorial do espaço GTO constou também o caderno especial do jornal Agora, dedicado a registrar momentos históricos da festa de São Cristóvão, produzido por Fernando Camillo, que circulou este ano, às vésperas de 25 de julho.

 

Memorial relembra primeiros momentos

Segundo Fernando relembrou no memorial apresentado, tudo começou na mercearia do senhor Augusto Assunção, onde se reuniam alguns motoristas para contar suas aventuras de estradas. Foi um viajante anônimo quem sugeriu a realização da carreata para marcar a data e das barraquinhas para conseguir recursos e se construir uma igreja dedicada ao santo.

Em 1957, numa de suas viagens a Porto Alegre (no Rio Grande do Sul), seu caminho foi interrompido por uma procissão, que o entusiasmou a realizar uma igual em Divinópolis. Era devoto de São Cristóvão e logo decidiu promover a Festa de São Cristóvão e com o empenho de motoristas amigos e voluntários em prol de construir o templo maior. Quando retornou a Divinópolis, prontamente, seus companheiros aderiram à campanha, cujo desfile monumental aconteceu em 23 de julho de 1958, com a participação de dezenas de veículos e centenas de pessoas, numa gostosa procissão de graças, nas carrocerias dos caminhões e carros enfeitados.

Em sua apresentação, Fernando Camillo destacou ainda que  o “memorial de São Cristóvão vem celebrar com sadio orgulho essa festa que se tornou tradicional em nossa sociedade, por sua regularidade, temporalidade e adesão”.

 

Patrimônio imaterial a ser reconhecido

O momento solene do Jubileu de Diamante foi conduzido pelo acadêmico divinopolitano Flávio Ramos, que atuou como mestre de cerimônia, também enfatizando a importância da "celebração laica de um santo que se tornou referência para milhares de pessoas ao longo dos 60 anos” e se transforma em “patrimônio imaterial de Divinópolis a ser reconhecido".

Na abertura dos trabalhos, avaliou que o material exposto no espaço GTO não era muito grande “mas o suficiente para reconhecermos” a importância da festa de São Cristóvão como tradição que “extrapola oi âmbito religioso”.

Muito se perdeu, lamentavelmente, no tempo ou absorvidos pela modernização da Igreja de São Cristóvão, cuja história ilustra a importância da mobilização introduzida pelo saudoso Chico Moreira e Lucas Pinto e sustentada por colegas de profissão, por devotos de São Cristóvão como dona Ofélia, e a sensibilidade dos franciscanos Tiago e Miguel, entre tantos que dedicaram suas vidas ao santo protetor dos caminhos e dos viajantes.


Pessoas e famílias pioneiras da Festa

Na solenidade, foram entregues troféus aos pioneiros (ou descendentes) e incentivadores da Festa, permeadas pelas participações do quarteto musical da Polícia Militar de Divinópolis e o coral da Igreja de São Cristóvão, que abrilhantaram noite.

Receberam as homenagens os pioneiros: Agostinho Assunção Ferreira, Antônio Corrêa, Antônio Liberato, Ascânio Gontijo, Chico Moreira, Frei Miguel, Frei Tiago, Galba Laesse de Oliveira, João Corrêa, José Cornélio, José Silvério, Maria Aparecida & José Simões, Lourival Dinis, Lucas Pinto, Miguel Arantes, Odilon Pereira, Ophelia & Silvio Vaz da Silva, Orlando Vaz da Silva, Rafael Assunção Vaz; e os incentivadores: Armando Nogueira, D. José Carlos de Sousa Campos (Bispo de Divinópolis), José Jaime Soares, Pe. Moacir Chagas Tavares (pároco de São Cristóvão).

 

 

Texto: Flávio Flora      -       Foto: Cristina Gontijo