População reafirma insatisfação com a Copasa durante CPI
Mais seis cidadãos divinopolitanos foram ouvidos pelos membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que está investigando as possíveis irregularidades na prestação de serviços da Copasa em Divinópolis. Os depoimentos foram colhidos na tarde desta segunda-feira (27) no plenário da Câmara Municipal.
A segunda parte dos depoimentos começou com as declarações do ex-funcionário da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), o senhor Irineu Alcides Pereira morador do bairro Dona Rosa. O aposentado iniciou contando que trabalhou na companhia por 27 anos e afirmou que no período em que lá trabalhava a diretoria e administração realizava uma boa gestão dos trabalhos, porém após ter se aposentado Irineu percebeu que durante a troca da administração, a prestação de serviços e qualidade nos atendimentos piorou consideravelmente.
“Fiquei sabendo que será construído um reservatório modalidade R2 para atender a região do bairro Serra Verde. Mas pelo que eu entendo do serviço, caso isso realmente aconteça os bairros Candelária e Bom Pastor correrão o risco de ficar sem água” disse. Irineu declarou ao Presidente da CPI, que na região onde mora já ocorreu de todo o bairro ficar até 3 dias sem água e que já passou mal algumas vezes em virtude da água com barro que tem chegado nas casas dos divinopolitanos. O ex-funcionário da Copasa disse que falta muita infraestrutra de equipamentos para os funcionários realizarem um bom serviço. “A população está sendo roubada! As pessoas estão pagando pelo AR no encanamento. E posso afirmar que não existe troca de hidrometro, e por diversas vezes enquanto funcionário precisei zerar os relógios. Se for necessário faço uma demonstração em plenário para os Vereadores”, frisou Irineu Alcides.
A segunda pessoa ouvida pelos edis foi a senhora Maria Regina Rodrigues moradora do bairro Santa Clara, e além das diversas reclamações da qualidade da água fornecida pela Copasa, ela informou que recebeu em sua residência uma conta prevendo seus gastos no próximo mês de dezembro com data de vencimento em Janeiro de 2018: “Ainda estamos em novembro, dezembro nem começou, como eles podem estar me cobrando algo que ainda nem utilizei? Isto é um absurdo!”. Maria Regina enfatizou o fato das pessoas estarem se arriscando tomando banho e utilizando água poluída, pois acabam se sujeitando à viroses, verminoses e diarreias. Segundo Maria Regina desde 2013 ela vem denunciando as condições de serviços da Copasa, e afirmou não compreender por que até hoje nenhum juiz ainda não deferiu suas denuncias. “Registramos a mortalidade de animais ao redor do Rio Pará, a mortande de peixes, e a proliferação dos água pés causados pelos efeitos de despejamento do esgoto no Rio, e até hoje nenhuma denuncia foi acatada”, reforçou. De acordo com Maria Regina o governo municipal errou entregando este contrato para a Copasa, e o melhor a se fazer seria o cancelamento. Outras falhas vem também do Governo do Estadual, Municipal e de gestões passadas da Câmara de Vereadores.
Representando o distrito de Santo Antônio dos Campos (Ermida), Márcio da Silva disse aos Vereadores que essa semana os moradores ficaram sem água e ainda ironizou ser a melhor forma de evitar doenças uma vez que não tem água em suas casas. “Há anos foi afixada uma placa lá em Ermida dizendo das obras de uma ETE que não existe. Só tem a placa, de obra não tem nada! Disseram por último que a previsão é pra começar daqui 6 meses. E nós já estamos pagando os 90% na conta sem ter tratamento nenhum”. Segundo informações do morador no local há apenas um centro de tratamento do esgoto, e de seu ponto de vista seria melhor se a Copasa tivesse deixado a região como era antigamente, no regime de fossas, pois este contrato não trouxe nenhum beneficio para a região de Ermida até hoje.
Por fim foram ouvidos também Graciete Correia moradora do bairro Mar e Terra, Antônio Dias Barbosa representando os moradores do Centro e o ambientalista Jairo Gomes residente no bairro Esplanada. Graciete relatou na CPI que ao efetuar diversas reclamações na Copasa, houve um momento em que foi coagida pela administração da companhia. “Eles disserem que se eu quisesse poderia entrar na justiça contra a empresa, pois eles tem 30 advogados trabalhando para a Copasa e que eu não teria chances nesta causa. Um empresa que presta um serviço péssimo e que não avisa com antecedência da falta de água”, informou Graciete Correia.
Já Antônio Dias Barbosa reafirmou que de 6 meses pra cá, a água em sua casa tem chegado com aparência de barro, além dele ter sido vítima de viroses e diarreia. “Há 40 anos eu cheguei a beber água deste Rio Itapecerica, é inacreditável ver como ele está atualmente, pois a Copasa não faz investimento nenhum para conservar nossas nascentes”, finalizou.
Texto: Liziane Ricardo Fotos: Helena Cristino