Transferência assistida pode reduzir evasão escolar

por Diretoria de Comunicação — publicado 20/10/2017 15h00, última modificação 05/12/2017 13h03

O Colegiado de Diretores de Escolas Municipais, por intermédio de seu presidente, João Renato Sousa Cintra, apresentou à Comissão Legislativa de Educação, Cultura, Esporte e Lazer, presidida pela vereadora Janete Aparecida (PSD), uma minuta de proposta que servirá de base para discussão sobre a normatização da transferência escolar assistida. 

O documento, assim que foi lido, revelou pontos polêmicos, provocando reações diversas em vários participantes. A comissão de transferência assistida (CTA) é um deles, sobre o qual o professor José Heleno Ferreira, do Conselho Municipal de Educação, manifestou temor de que “ela burocratize o processo”, opinando quer só deveria ser formada para acompanhar os casos mais complicados difíceis ou conflitantes. 

Esse entendimento é compartilhada pela presidente do Conselho de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, Michele Lopes, para quem o papel principal da transferência assistida é prevenir a evasão escolar e uma comissão nesse caso se tornaria desnecessária, porque a transferência só deveria sair se o aluno apresentasse a matrícula em outra escola.

Professor Zé Heleno 2017Professor Zé Heleno

A ideia é que “a transferência seja emitida mediante a apresentação de matrícula em outra escola” e que a escola que transfira o aluno também esteja obrigada, dentro de suas condições, a receber alunos transferidos, é a proposta defendida pelo professor Zé Heleno.  

Ainda sobre o papel da comissão de transferência assistida, Andre Romualdo, presidente da União Estudantil de Divinópolis (UED), concorda que ela seja formalizada, mas que não exime a direção da escola da responsabilidade de estar “atrelada” a essa transferência. E ressalta que a instituição da comissão não pode ser “como uma tentativa de o diretor tirar o corpo fora da discussão”. 

Justificações 

João Renato, um dos autores da minuta de proposta, defende que após a transferência emitida pela escola é preciso garantir que o aluno siga para outro estabelecimento e essa vaga não poderá ser orientada pela própria escola e, sim, por uma comissão. 

Outro item polêmico na proposta do Colégio de Diretores, refere-se à “transferência compulsória”, que “não pode ser aceita”, na avaliação do professor Zé Heleno. 

Entretanto, na avaliação de João Renato, é legal, por ter acompanhamento jurídico e resultar de um processo administrativo, “extremamente burocrático” com ampla defesa do aluno e família. Ele considera necessário para os casos mais graves, por isso, ressalva, “deve ser exceção e não regra”. 

Critérios e requisitos 

Estes são os principais pontos do documento:

Ver. Janete leitura proposta Colegiado de DiretoresVereadora Janete Aparecida faz leitura da proposta do Colegiado de Diretores 

1) A transferência deve ser acompanha por uma comissão dos órgãos gestores, conselhos municipais e outras instituições ligadas à educação; 

2) criar critérios de encaminhamento a serem observados pelas escolas, respeitando-se uma rotatividade entre elas para não acontecer de uma escola ficar sobrecarregada; 

3) avaliação da necessidade do processo de transferência assistida feita pela unidade escolar e o respectivo conselho escolar; a comissão dos órgãos gestores acompanhará o processo assim como a documentação que acompanha a transferência; 

4) reconhecer e respeitar o papel da unidade educacional, não delegando a mesma responsabilidade que são da família ou de outros órgãos públicos tais como saúde, assistência social e judiciário; 

5) investir em mecanismo pedagógico e políticas que diminuam a incidência do processo de transferência; 

6) buscar a participação e o acompanhamento das autoridades judiciárias no processo de transferência, quando necessário; 

7) garantir a instauração de processo de transferência compulsória, considerando os procedimento legais, a transferência não seja efetivada de comum acordo; 

8) criar termo de compromisso de conduta para que a família da criança e do adolescente transferido assine e assuma compromisso com a escola que está recebendo o aluno; 

9) realizar mapeamento de alunos em evasão escolar para subsidiar as políticas públicas da educação e assistência social. 

10) a escola que transfere alunos também está obrigada, dentro de suas condições, a também receber alunos transferidos. 

Segunda audiência pública 

A segunda audiência pública destinada a examinar questões relacionadas à transferência assistida e evasão escolar ocorreu na última quarta-feira 18, no Plenário da Câmara. A reunião foi dirigida pela vereadora Janete Aparecida (PSD), presidente da Comissão Legislativa de Educação, Cultura, Esporte e Lazer, atuando como secretário o vereador Raimundo Nonato (PDT) e como assistente o vereador Roger Viegas (PROS), presidente da Comissão de Participação Popular. Também estavam presentes os vereadores Cleiton Azevedo (PPS), Edson Sousa (PMDB), Eduardo Print Junior (SDD), Sargento Elton Tavares (PEN) e Vicente “Nego do Buriti”. 

Presenças: servidora Vitória Porto, representante da Superintendência Regional de Ensino (SRE-Divinópolis); educadora Élcia Nunes Godoi, representante da Secretaria Municipal da Educação; professor José Heleno Ferreira, presidente do Conselho Municipal de Educação; João Renato Sousa Cintra, presidente do Colegiado de Diretores das Escolas Municipais; Michele Lopes, presidente do Conselho Municipal de Defesa da Criança e do Adolescente; Adriana Eva, representante do Conselho Tutelar; capitão Robson Freitas, representante do 23o Batalhão da Polícia Militar; Andre Luís Romualdo, presidente da União Estudantil de Divinópolis (UED). 

Tema central: A transferência assistida como estratégia para evitar a evasão escolar é uma demanda do professor Zé Heleno Ferreira, apresentada no âmbito do Conselho Municipal de Educação, há três anos, e bem recebida pelos órgãos e conselhos ligados às crianças e adolescentes de Divinópolis. 

A iniciativa do professor, acolhida pela Comissão de Educação da Câmara e suplementada por critérios propostos pelo Colégio de Diretores de Escolas Municipais, está sendo discutida em audiências públicas, antes de se tornar projeto de lei. 

Texto: Flávio Flora Foto: Helena Cristino.

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